segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cinzas Brumosas

A casa que nunca foi minha, mas foi a casa onde eu sempre morei pegou fogo. Queimou a mim e todas as lembranças que podia ter de ti também. Não sei se doeu. Não sei se foi ruim. Não sei se era pra ser assim, fui-me antes de poder sentir. Agora não mais existo, quer dizer, agora não mais existimos. Nem eu, nem você, nem aquela casa que ainda se faz caber num passado bonito.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pablo Neruda

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Declaração Romântica De Um Coração Que Ama

Pinto as unhas de rosa pra colorir a vida através das cutículas, falo de saudade porque ela está presente no hoje, no ontem e no amanhã, gosto de você por que é amor, e só é amor porque foi complicadamente fácil de ter em mim e eu em ti, assim, com muitos pronomes. Aperto na garganta, nó no peito. Sou contrária, assim como um agudo no lugar de uma crase. Faço rimas magramente pobres porque nunca fui de ler poesias. Neruda, perdoa-me, também gosto das primaveras outonais. Tenho vários olhares, o tacanho uso quando não tenho o que falar, o triste, quando quero chorar, o colorido, quando te vejo, o feliz, quando mato saudades a base de abraços apertados e beijos molhados, no total, somam-se 43 olhares, e não tem coincidência nisso aí. Sabe, sou bem medonha, tudo me inspira medo, o ônibus demorado, o metrô lotado, o trabalho não pago, a tua distância longínqua, ah, ia esquecendo, perdi meus acentos e fiquei redundante. Perdi a ordem certa de escrever também, mas tudo bem, nada disso importa, porque só ouço música boa. Uso shampo de camomila porque rima com Camila, tonta eu. Brigo porque sou frágil, grito porque não quero ouvir, sou contrariamente paradoxal. Falo que sofro de saudade porque aprendi a gostar da solidão de ser só dois, o teu azul me faz ficar aqui, o teu vermelho, mesmo tentando, nunca me deixou ir, teu cheiro de jasmim nunca saiu de mim. Agora durmo numa cama com o tamanho ideal pra nós2, a gente se convém, teu corpo tem o molde do meu, e o meu o teu. E assim quero viver, até o pra sempre, salivando um beijo teu.

Agridoce

A vida é feita do azedume que se reveste da aparência de doçura, as palavras idem. Viver tem dessas coisas, tem desses enganos e dessa sinestesia. Viver só não tem nada de fácil e nem de difícil; é só confuso. é só estranho e duvidoso. Vivemos, mesmo morrendo muitas vezes. Há uma ressurreição diária. Estamos sempre renovando e vivendo nessa pseudo doçura que é está aqui.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SP

Aqui o céu nunca é azul e a lua dificilmente aparece. Já as estrelas, ah.. essas eu vejo todos os dias, basta fechar os olhos.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Inverso

Sobrancelhas grossas, olhos curtos e muito seco. A mão lisa feito parafina, o coração calejado como se tivesse calçado um sapato apertado. O seio em formato e textura de um damasco. E as nuvens molhando raso enquanto o céu troveja baixinho: tudo é contrário.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Diferenciada

Caminhando, passo a passo, na calçada daquele bairro nada apressado, nobre e gentil, vejo a vida passar lenta, como se estivesse acompanhado um daqueles animais da ordem dos "quelônios", sem pressa, como se estivesse adiantada sempre.
Vagarosamente também vejo, com mais observação, aquelas janelas lindas e coloridas, a esfregar em qualquer par de olhos grandes e aquosos que a vida pode ser linda.

domingo, 25 de setembro de 2011

Era

Depois daquele dia cinza, os olhos ficaram opacos e o sorriso sem saliva. Já era fato: voltou a ser infeliz.

domingo, 18 de setembro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Begônias

Flores, tinha muita naquela varanda; begônias mais precisamente.
E o cheiro de orégano lembrava da vida feliz que não teve, mas que sempre sonhou.
Todo noite, antes de dormir, pensava: "Tem coisas que são feitas apenas pra sentir".
Ela viveu 114 anos.

domingo, 4 de setembro de 2011

É como uma caneta cuja tinta secou; não há títulos, não há contos, não há descontos, não há inspiração. O que existe são linhas vazias, palavras incolor e frases brancas. Ela vem, mas vai, pra poder vir de novo.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

E agora?

E agora José? O gás acabou, o arroz queimou e o feijão não cozinhou? E agora José?

sábado, 13 de agosto de 2011

Equação Pessoal

Das coisas não esquecidas que aprendi na escola: figuras de linguagem e tabela periódica. A última nunca me serviu de nada. Seria-me mais útil a tabuada. Mas com essa matéria aí, sempre fui desleixada. E agora, sempre preciso de uma calculadora para contas matemáticas. Mas uma coisa é certa, aprendi o significado de metade e pares; e pra viver, isso basta-me.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Do que é bom

Entra na dança, fazendo-me tranças; dizendo que me ama e me levando pra cama.
Dei-me um pouco de mel, tire esse véu e me leva pro céu. Pensa um pouco na vida. Diga-me que ela é bonita e com um sorriso me felicita...
É meu aniversário, menina!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Calorosa Poesia

O sol esquentava o céu e - também- o que houvesse debaixo dele. Aquele era um dia quente, daqueles de suar cabelos, buços e sovacos, muitos sovacos. Gente mal vestida, suada e fedida, tinha de monte naquele dia. Gente que fazia bem a vista, denominada: "colírios para retina" também tinha. Mal vestidas ou bem vestidas, feias ou bonitas, o que todos queriam era um emprego bom, com um salário digno pra que conseguissem se sustentar sozinhos nessa vida. Mas estava difícil, naquele dia quente, o que a empresa oferecia era trabalho superlativo, sem domingos, tanto de noite quanto dia. Seis horas e meia, todos os 6 dias. Aflito alguns ficaram, outros aceitaram porque precisaram. Mas a moça, de trança embutida, vestida de blusa azul piscina e calça escura de linho, não se contentou. Deu dois passos com seus sapatos apertados, daqueles que cada passo é um calo e indagou? - Sou estudada, sei bem das coisas da gramática, não posso ficar nessa vaga. Vocês querem que eu seja uma culta escrava?. Assustados, que dizer, mais surpresos que assustados todos olharam a moça e pensaram: "Essa aí se acha". Mas lá no fundo, tudo o que moça sentia é que era injustiçada. "Poxa, me dediquei tanto pra quase nada", ela pensava. Mas a moça, tinha um segredo, na verdade tudo o que ela queria é que tivesse alguém que a abraçasse antes de dormir e que a fizessem tranças no seu cabelo ao acordar. Mas ela era sozinha, sempre sozinha. E em dias de calor, como o daquele dia, lembrava das lonjuras da vida e bradava ao ventos preguiçosos que sofrer de distâncias era a parte mais difícil da vida, mas que muito em breve um bom trabalho ela conseguiria.

sábado, 6 de agosto de 2011

Sem

Há lágrimas órfãs por aqui. Culpa dos olhos, que não têm por quem chorar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Prazer Inesperado

Se há algum tipo de magia no mundo, ela deve estar na tentativa de entender e compartilhar algo com alguém. Sei que é muito difícil conseguir isso. Mas e daí? As tentativas sempre nos trazem boas surpresas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

sábado, 30 de julho de 2011

Calos Magoados

Os pés machucados, os dedos apertados e o desatino de uma sandália desconfortável só podiam culminar num calo bem molestado.
Machucado o dedo ficou, -"Tá na carne viva", o velho bodejou.
Mas na hora de dormir cobriu-se com um edredom verde e amassado que além de aquecer o corpo também magoou mais ainda o calo castigado.

Por isso da vida ser tão cheia de calos incuráveis, eles nunca saram porque são sempre magoados.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Versos de Confusão

O café é preto, a manhã é cinza e a noite se ilumina sozinha.
O tênis fica no pé, o dinheiro na mão, e no bolso nenhum tostão;
Penso longe, penso alto, mas nunca desço do salto.
Fria, essa vida.
Disseste-me que sim, eu disse que não, e mais uma vez entramos em contradição.
Eu vivo sozinha, mas gosto de rimas, ela é o meu pão. Como sob uma lua crescente, enquanto faço um pedido a uma estrela cadente de viver a sorte de uma vida decente longe da infeliz solidão.

terça-feira, 14 de junho de 2011

É no escuro que eu vejo

Aqui o céu nunca é azul e a lua dificilmente aparece. Já as estrelas, ah.. essas eu vejo todos os dias, basta fechar o olhos.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Manchas

Se avistassem os roxos que tenho na pele, não diriam nunca que AMOR não dói.

Carros, buzinas e vários semáforos


Vejo a vida passar ali, sob as buzinas de carros, os sapatos apressados e o sinal vermelho.
Paro na faixa, listras verticais brancas ou horizontais, dependendo do lado; posso prever meu fim, ou melhor, naquele instante posso faze-lo.
Mas não, espero o sinal fechar e caminho tranquilamente, como se a mim a imortalidade fosse possível.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Amor é isso:

Todos os dias, nas coisas triviais e até mais complexas, eu me apaixono de novo por quem eu já escolhi amar.

sábado, 16 de abril de 2011

Poesia colorida

Cores: azul; amarelo; verde; rosa e fúcsia, a última era minha preferida.
Brilhava mais que purpurina.
Mais que estrelas cadentes e olhos incandescentes.
brilhava acima, brilhava sob. Sempre à noite.

Céu epidérmico

De tantas, parece uma constelação. Mas não de estrelas, e sim de pintas. Pensando assim contemplo tuas costas e admiro tuas pintas. Centenas de pontos marrons, assim é o meu céu... de carne, osso e fosco.

sábado, 2 de abril de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Tô indo Selva!

A mesa vazia, a mala preenchida e o coração cheio.
Cheio de recordações daqui. Foi bom, aqui descobri o bem o mal, descobri o que é vocação e principalmente o que é ter um profissão, descobri o que é se esforçar, descobri a diferença de um trabalho mal feito e um trabalho bem feito. Descobri que eu posso ser melhor, sempre. Descobri que eu quero mais, mais trabalho, mais desafios e mais escadas pra subir. Descobri o amor também, o amor de verdade, daqueles que se ama aqui, ali ou acolá. Mas agora chegou a hora de colocar a saudade em uma caixa enquanto liberto a coragem pra ir correr atrás das oportunidades. Chegou a hora de correr atrás de uma vida melhor e mais preenchida. É hora de ir e quem saber voltar, ao menos pra visitar, porque é aqui que estão os meus melhores. Família é isso, o melhor que a gente tem, as nossas pessoas pra ontem hoje e amanhã. E amigos também fazem parte dessa dela.

Deixo aqui o meu abraço mais apertado, o meu sorriso mais feliz e a minha saudade infinita para todos aqueles que participaram e me acompanharam até aqui.

FUIIIIIIIIIIIIII!

quarta-feira, 16 de março de 2011

M- MEDONHO

Mel,
melado,
meloso.
-
Menino,
mal criado,
medroso.
-
Mentira,
manuscrita,
manuseável.
-
Maldita,
miséria,
maleável.
-
Memorável,
maçã,
mutável
-
Máquina,
mofirna,
mortal.
-
Menina,
macia,
metida.
-
Meus,
minhas,
manias.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mordendo Estrelas


Menina sapeca,
muleca dos olhos
da cor de peteca.

Morena canela, cigana;
casada com a dança.

Preto - azul - amarelo,
num arco-íris singelo.

Banana;
maçã, comprida e prata,
com cores cheias graças.

Sorrisos frouxos,
abraços apertados
e beijos molhados.

Vida bandida,
na casa da tia,
com a escolha do dia:
colorir a vida.

Primo na trave;
bola na rede;
chute no balde.

Doce de leite;
vaca atolada;
primavera florida.

Noite vazia,
estrelas mordidas
e uma lua que dizia:
- RIMAS

quinta-feira, 10 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Feridas

Pra úlceras no estômago eu sei que tem remédio, mas como faz pra cicatrizar as úlceras do coração?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vestidas pra vida!

Vista-se de cor, alegria e frescor
Vista-se de sonhos, justiça e amor
Vista-se de paz, tranqulidade e felicidade
Vista-se de carinho, afago e ternura
Vista-se de afeição, zelo e simplicidade
Vista-se de paixão, perdão e possibilidades
Vista-se de apego, afeto e fraternidade
Vista-se de desafios, bom-humor e entusiasmo
Vista-se de serenidade, prioridade e vivacidade
Vista-se de sonhos, vista-se de possível e impossível
Vista-se de dignidade e comece a viver a feliz idade!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Chovemos

Não foi uma gota num copo d'água, foi uma tempestade inteira.
Culpa dos olhos, que estavam mais encharcados que as nuvens cinzas de um céu de verão.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lembrança de uma férias feliz


A vó faz o pão enquanto o vô vai tirar o leite, os primos brincam, acolá, na beira do açude que pra eles era como se fosse o mar. Mucuim nas pernas, devido as subidas e descidas no pé de siriguela; vacas, bois, cavalos e gatos. Tinha muito naquele sítio arretado. Mangueiras com mangas gigantes e muitos ingás, os primos gostavam de ir pra roça catar pinha, milho e amendoim. A vó fazia delícias que engordam o buxo de todo menino faminto e feliz. Pamonha, canjica ou curau. Era tudo muito legal, sem contar nos doces de leite, adorava aqueles com bolinhas. O queijo com buracos dava o toque especial na mesa do café-da-manhã dominical. Que tempo bom aquele em que os primos só comiam, engordavam e eram felizes, muito felizes.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Memória adjetiva

Olhares ácidos; sorrisos amargos e um cheiro de caju estragado caído no mato. De tudo, o que eu mais gostava era das folhas secas que pousavam no meio da rua, tão lindas. Lembram-me o outono, essa estação que faz tudo cair no chão. Gostava das tardes frias, do céu nublado e da chuva fina. Nunca gostei de sol quente, lantente, que chega a queimar a retina da gente. Sinto falta dos olhos cansados dos meus avós e da pele enrugada de linhas com muitas histórias escritas. Saudades do tempo em que eu não pensava na vida. Mentira! Eu sempre pensei nessa cretina. Lembrei do joelho ralado, dos 3 pontos no queixo e daquele corte no pé. É, ser criança dói. Mas só na pele, porque a alma infantil é e foi dormente e feliz. Rememorei aquele instante, aliás, todos aqueles instantes de felicidade instantânea que eu sentia no sabor do achocolatado de fim de noite. Café-da-manhã com pão, pai, mãe, irmãos, queijo, leite e margarina; como era boa a vida.

Não lembro de datas, números, quiçá nomes. Mas não esqueço, nunca, daquilo que me fez sentir feliz

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Não foi aqui e nem ali, foi acolá.


E lá do alto, onde o vento é mais frio
a respiração mais ofegante e o coração
mais palpitante eu vi o sol nascer redondo, amarelo
e gelado. Sim, gelado.
-

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Amoras, pêssegos e outras delícias


Era fim de tarde de um dia de domingo. Duas crianças brincavam no jardim debaixo de um sereno frio. A menina, mais nova, tinha olhos apertados e cabelos da cor de camomila. O menino, tinha cachos em tons mesclados e olhos redodondos de jabuticaba. Ambos tinham sorrisos de leite, pois ainda não haviam trocado os dentes. No fundo do quintal da casa deles tinha um pé de pêssego, a menina adorava, dizia que a àrvore era baixinha e a fruta aveludada, mas preferia ela em caldas. O menino era fã do pé de amora: 'fruta delícia de gostosa', dizia ele. E assim eles passavam todas as tardes de domingo, cada um brincando ao redor do seu pé-de-fruta favorito. Então, numa sexta-feira de sol quente, daqueles que te faz produzir muita melanina, eles chegaram da escola e deram conta que cortaram o pé de pêssego e o de amora. E no lugar plantaram uma imensa mangueira, e quando perguntaram o porquê, ouviram a seguinte resposta: "em época de manga ninguém passa fome e a árvore faz uma sombra enorme, vai amenizar o calor". Depois disso, pensaram em brincar no pé de siriguela que ficava depois da cerca, mas desistiram fácil, pois o pé era alto e cheio de formigas no tronco e nos galhos. E por um bom tempo a diversão dominical dos meninos foi a de ir à praça comer churros e pipoca, até o dia em que encontraram, do outro lado da rua, um pé de acerola.