segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Calorosa Poesia

O sol esquentava o céu e - também- o que houvesse debaixo dele. Aquele era um dia quente, daqueles de suar cabelos, buços e sovacos, muitos sovacos. Gente mal vestida, suada e fedida, tinha de monte naquele dia. Gente que fazia bem a vista, denominada: "colírios para retina" também tinha. Mal vestidas ou bem vestidas, feias ou bonitas, o que todos queriam era um emprego bom, com um salário digno pra que conseguissem se sustentar sozinhos nessa vida. Mas estava difícil, naquele dia quente, o que a empresa oferecia era trabalho superlativo, sem domingos, tanto de noite quanto dia. Seis horas e meia, todos os 6 dias. Aflito alguns ficaram, outros aceitaram porque precisaram. Mas a moça, de trança embutida, vestida de blusa azul piscina e calça escura de linho, não se contentou. Deu dois passos com seus sapatos apertados, daqueles que cada passo é um calo e indagou? - Sou estudada, sei bem das coisas da gramática, não posso ficar nessa vaga. Vocês querem que eu seja uma culta escrava?. Assustados, que dizer, mais surpresos que assustados todos olharam a moça e pensaram: "Essa aí se acha". Mas lá no fundo, tudo o que moça sentia é que era injustiçada. "Poxa, me dediquei tanto pra quase nada", ela pensava. Mas a moça, tinha um segredo, na verdade tudo o que ela queria é que tivesse alguém que a abraçasse antes de dormir e que a fizessem tranças no seu cabelo ao acordar. Mas ela era sozinha, sempre sozinha. E em dias de calor, como o daquele dia, lembrava das lonjuras da vida e bradava ao ventos preguiçosos que sofrer de distâncias era a parte mais difícil da vida, mas que muito em breve um bom trabalho ela conseguiria.

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